sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Jogo da amarelinha [Rayuela]


O jogo da amarelinha [Rayuela]

Encontraria a Maga? Tantas vezes, bastara-me chegar, vindo pela rue de Seine, ao arco que dá para o Quai de Conti, e mal a luz cinza e esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia no Pont des Arts, por vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água. E, então, era muito natural atravessar a rua, subir as escadas da ponte, dar mais alguns passos e aproximar-me da Maga, que sorria sempre, sem surpresa, convencida, como eu também o estava, de que um encontro casual era o menos casual em nossas vidas e de que as pessoas que marcam encontros exatos são as mesmas que precisam de papel com linhas para escrever ou aquelas que começam a apertar pela parte de baixo o tubo de pasta dentifrícia.

[Parágrafo inicial (ou não) de O jogo da amarelinha, de Julio Cortázar]
[Tradução de Fernando de Castro Ferro]
[Foto Pont des Arts, Paris, de Offering]

1 Comment:

  1. camila nadine said...
    Amê, só vc mesmo pra achar isso! Não vale, pois vc é meu melhor amigo! hehehe

    Mesmo assim, valeu. Seu blog é tão lindamente organizado - uma beleza pros olhos e pra alma. Te visito sempre.
    Blogar é uma atividade muito gostosa, né?

    Lindo post, linda foto, apesar de ser Paris! kkkk :)

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